sábado, dezembro 08, 2007

Menino Jesus


A Criança Nova que habita onde vivo

Dá-me uma mão a mim

E a outra a tudo o que existe

E assim vamos os três pelo caminho que houver


A criança Eterna acompanha-me sempre.

A direcção do meu olhar é o seu dedo apontando.

O meu ouvido atento alegremente a todos os sons

São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.


(Fernando Pessoa/Alberto Caeiro)


Baptismo do Gonçalo 02 Dez. 2007

quarta-feira, novembro 21, 2007

Testemunha Ocular





De fora vem beleza e angustia
De dentro vem a significação
Lágrimas vêm do fundo da alma
Beleza embeleza o coração
Olhos tristes revelam alma consternada
Exaustos da força, de sofrimento e mágoa
Olhos jubilosos espelham alma suave
Compartilham paz de alma profunda e leve
Olhos misteriosos de pessoas misteriosas
Olhares e misterios que se devem venerar
Do pouco que suas almas mostram
Mostram que muito mais têm para dar
Olhos profundos procuram profundidade
Vêem o exterior internamente
Enfraquecem com tão forte invasão no espirito
Engrandecem a alma com poderoso adorno vitalicio
Olhos belos são os que procuram profundidade
Olhos profundos de profunda sagacidade
Que sua alma lhes implora por beleza intensa
Olhos belos são reflexo de alma sempre imensa
(Poema de Simão Cabral)

quinta-feira, novembro 15, 2007

Canção Simples



Há qualquer coisa de leve na tua mão,
Qualquer coisa que aquece o coração
Há qualquer coisa quente quando estás,
Qualquer coisa que prende e nos desfaz

Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol

A forma dos teus braços sobre os meus,
O tempo dos meus olhos sobre os teus
Desço nos teus ombros para provar
Tudo o que pediste para levar

Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais…

Tens os raios fortes a queimar
Todo o gelo frio que construí
Entras no meu sangue devagar
E eu a transbordar dentro de ti

Tens os raios brancos como um rio,
Sou quem sai do escuro para te ver,
Tens os raios puros no luar,
Sou quem grita fundo para te ter

Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais…

Quero ver as cores que tu vês
Para saber a dança que tu és
Quero ser do vento que te faz
Quero ser do espaço onde estás

Deixa ser tão leve a tua mão,
Para ser tão simples a canção
Deixa ser das flores o respirar
Para ser mais fácil te encontrar

Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais…

Vem quebrar o medo, vem
Saber se há depois
E sentir que somos dois,
Mas que juntos somos mais

Quero ser razão para seres maior
Quero te oferecer o meu melhor
Quero ser razão para seres maior
Quero te oferecer o meu melhor

Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol

quarta-feira, novembro 14, 2007

terça-feira, outubro 30, 2007

quinta-feira, outubro 25, 2007

Rabisco


Encontrei um rabisco de um pensamento com o qual já não me identifico, nem me lembro de o escrever, no entanto, como não me apeteceu deitá-lo fora, transcrevo-o agora para aqui numas de publicar qq coisa e preservar o texto.

" Até o cão se lastima...
O ambiente é pesado,
à minha volta como em mim, impera a discordia, a tristeza, a impotência face às adversidades, uma agonia meticulosa lateja baixinho.
Vozes surdas, ao fundo do corredor, berram zangas e as paredes escorrem humidade em gotas lentas e mortais, que nojo...
Porque acontece o que acontece?
Porque penso o que penso? Porque sinto o que sinto?
Viver na quinta dimensão, onde o mundo se desconcerta e nada faz sentido, condenado.
Até o cão permanece, a sua dedicação, o seu testemunho, o seu aspecto impávido e aquele queixume permanente em forma de ganido surdo, solidário com o momento.
Que merda!!"

(24-11-2005; rabisco em folha branca sem titulo; HF)

terça-feira, outubro 02, 2007


E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.
E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.
E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento.
E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento; e assim foi.
E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto.

quinta-feira, agosto 30, 2007

Campanha Influencia Positiva



Agora que sou Pai, lembro-me do meu Pai...

quinta-feira, agosto 23, 2007

CANTICO NEGRO



"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!

(José Régio)

quarta-feira, maio 23, 2007

sexta-feira, abril 27, 2007

REFLEXÃO


"...Um vazio por ter perdido todas as expectativas e referentes..." (Mileuristas)


Quanto mais a sociedade se humanisa, mais o sentimento de anonimato se estende; quanto mais há indulgencia e tolerância, mais aumenta a falta de segurança do individuo em relação a si proprio; quanto mais se prolonga o tempo de vida, mais medo temos de envelhecer; quanto menos se trabalha, menos se quer trabalhar; quanto mais os costumes se liberalizam e se democratizam os hábitos e poderes, mais avança a impressão de vazio; quanto mais a comunicação e o diálogo se institucionalizam, mais sós se sentem os individuos e com maiores dificuldades de contacto, senão veja-se: para quê os blogs?? porque nunca te disse eu isto??; quanto mais cresce o bem estar, mais triunfa a depressão.

Qualquer sistema imperfeito, no sentido de não completo, é o seu próprio inimigo...será que assistimos à invisibilidade da dissocialização??? será que assistimos à implosão da democracia??? o que será que lhe falta??? o que falta ao mundo de hoje??? o que nos falta??? Um mundo Novo??? estaremos a atravessar a Era do Vazio??deveremos nós Pensar a Comunicação??e as Religiões?? será que Cristo ressuscitou??

A sensação de vazio pode ser boa...no vazio pode estar o despertar do sonho da forma, do pensamento compulsivo e da alianação da verdadeira essencia humana, aquela que é não social, aquela universal, a divinal...

Significa que podemos agora começar a criar formas sem nos perdermos nelas, bom, se calhar, nós ainda não, mas possivelmente as gerações vindouras, mas para isso é vital o nosso despertar e semear a consciencializção, a verdadeira alegria do Ser, a de estar consciente, só, em harmonia com o proposito interior, sem desconforto face ao vazio.Pode ser aqui afinal o começo, a rutura com o ego e o pensamento, ou melhor, a substituição do combustivel poluente: pensamento condicionado a 98 octegos por um combustivel 100%ecologico, consciencia pura. Não significa ficar sem ego ou pensamento, significa antes, permanecer desperto, em total aceitação da agora desconfortável situação de vazio, e começar a deixar fluir a consciencia através de nós, por esse espaço cheio para o mundo, para as nossas acções, inspirando os pensamentos.Será que acabei de descrever uma visão utópica?? De todo. As visões utópicas têm em comum a projecção mental de um tempo futuro, agora vivemos a experiencia descrita, de certo comum a muitas pessoas, a todas as que vivem condicionadas pela sociedade contemporânea e que se sentem vazias.

A verdade é que o despertar pode ser já. Agora, no único tempo Real. O despertar constitui o reconhecimento da Presença consciente, a alegria do Ser. Por conseguinte, o Novo mundo, o Ceu e a Terra, surgem dentro de nós neste momento, e se não estiverem a surgir realmente neste momento, não passam de um pensamento, pode ser que surjam na pausa entre este pensamento e o próximo. Tentemos completar-nos com humanidade, com consciencia, preenchamos o vazio com cheio.Uma nova especie está a despertar no planeta e nós fazemos parte dela.

Um abraço agora

MILEURISTAS em homenagem a um amigo


Espido Freire (Bilbao, 1974) aborda neste livro a geração – ou, como se tem escrito, esta “nova classe social” – que ronda os 30 anos e cuja característica predominante é o ordenado mensal à volta de 1.000 euros. Trata-se de uma geração com dificuldades para abandonar a casa dos pais. São licenciados, com formação pós-graduada, bons conhecimentos de vários idiomas e informática. Foram levados a pensar que o canudo era a garantia de uma vida desafogada. Mas enganaram-se redondamente, ou foram enganados... Segundo a escritora, têm tudo o que a sociedade exige para triunfar de algum modo, contudo, carecem da estabilidade económica necessária para pensar em constituir família. Uma geração que prolonga a sua condição de eterna adolescente, sem qualquer consciência de grupo, assim obriga a competição, e que desfrutou do ócio, protecção e mimo por parte dos seus progenitores, a geração anterior que lutou contra os regimes ditatoriais. A geração mileurista vive no permanente paradoxo: conformista mas desesperada, educada mas sem expectativas, consumista mas pobre, desenraizada mas com sinais de identidade comuns. Um amplo colectivo de jovens que sobrevive com poucos meios em plena sociedade da opulência. Louis Chauvel, professor de Ciência Política, em entrevista ao jornal francês ‘Nouvel Observateur’ afirma: “Os novos pobres são os jovens.” Segundo Chauvel, os pobres do século XX – operários desqualificados, agricultores, idosos – pertencem a uma sociedade em vias de desaparecimento.


Os mileuristas nasceram já em democracia. É a geração das actividades extra-escolares, os que tiveram oportunidade de ir ao karate, ao inglês e à catequese, mas também à informática. Uma geração que viajou, que fez o inter-rail e que muitas vezes estudou com uma bolsa num país estrangeiro. São consumistas porque lhes ensinaram a ser. Eram filhos de pais jovens entre os anos 60 e 80 que viveram as transições politicas. A geração dos seus pais, proveniente de famílias numerosas, lutou pelos seus direitos, saltando rapidamente para o poder. Constituíram oportunidades e usufruíram de garantias do Estado, dadas em anos de grandes utopias. Foi uma geração que conseguiu comprar uma segunda casa para passar férias e que ambicionou que os seus filhos tivessem ainda uma vida melhor. Para eles ter um filho médico, engenheiro, arquitecto ou economista era uma garantia de sobrevivência. Por isso não lhes pediram outra coisa senão que estudassem e fossem para a universidade. Nós, os mileuristas, herdamos em parte as ânsias desses pais e apenas quisemos estudar para garantir um emprego e uma casa. Conseguimo-lo com esforço e muita ajuda dos papás.
Quando chegamos à universidade rapidamente nos demos conta que éramos já demasiados. Com tantos licenciados não há empregos compatíveis com as nossas aptidões. Em parte, isso explica os contratos precários um pouco por toda a Europa e a sua versão portuguesa dos recibos verdes, que é muito mais vergonhosa e intolerante. Sem emprego, muitos de nós ainda optamos por mais formação, fizemos mestrados e mesmo doutoramentos, alguns através de bolsas pagas pelo Governo e ajudado pela Comunidade Europeia. Contudo, não sabíamos que, dez anos mais tarde continuaríamos sendo bolseiros. Em geral, ninguém podia ter percebido que a sociedade tinha mudado e que tinha deixado para trás toda uma geração sem saber muito bem como nem quando.Não fomos educados a cooperar e sim a competir. Aliás, fomos educados a viver o “momento”. Fomos a primeira geração que viveu a invasão do consumismo norte-americano, a primeira geração que podia passar o seu aniversario com os amigos no McDonalds ou no chinês. Fomos a geração que teve uma semanada ou mesada, inclusivé dobrada quando tínhamos pais divorciados ou separados. Portanto, não tínhamos muito dinheiro, mas tínhamos sempre algum para gastar. Vivemos a chegada da Zara e da Mango, que nos permitiu renovar constantemente o guarda-roupa. Somos portanto uma geração sem trabalho assegurado, em geral pouco remunerado, e sem qualquer capacidade de poupar. Gostamos de sair à noite porque esta é uma das gratificações imediatas a que estamos habituados. Somos uma geração que viu tanta publicidade, tantas versões invertidas e revertidas do mundo, que curiosamente trocamos o branco pelo negro e não estranhamos. Somos, por isso, uma geração cínica. Uma geração de “comboiadas”, que se ri um pouco de tudo, porque vivemos a sensação de que outra coisa não se pode fazer: “tem sido divertido viver assim, porque usufruímos de muito lazer, porque fomos mimados, protegidos e crescemos com televisão e com 1000 comodidades. No entanto, já cansa” - diz a rapariga Carolina Alguacil, inventora do termo”mileuristas”, numa carta aberta, em 2002 ao jornal “El País”. Esta paródia em que a nossa vida se tornou apenas tenta esconder geralmente um vazio interior. Um vazio por ter perdido todas as expectativas e referentes.


(Artur in postas de pescada no luzes amarelas)

DE VOLTA

Olá,
na verdade não tenho tido muita coisa para dizer.
Bom, pelo menos alguma coisa que me pareçe suficientemente importante e digna de ser publicada.
Como esta

quarta-feira, janeiro 17, 2007

RECONHECIMENTO


"114.000.000 De anos atrás…
Alguns minutos após amanhecer, a primeira flor do mundo desabrocha para acolher os raios de Sol.
A primeira flor não deve ter sobrevivido muito tempo, e as flores devem ter permanecido fenómenos raros e isolados, uma vez que as condições à face da Terra não eram favoráveis a um florescimento mais amplo.
Um dia, porém, foi atingido o limiar critico e, de súbito, deve ter-se dado uma explosão de cores e fragrâncias por todo o planeta - se houvesse uma consciência perceptiva presente para a testemunhar.
Muito mais tarde, estas delicadas criaturas iriam desempenhar um papel crucial na evolução da consciência de outra espécie. Os seres humanos foram-se sentindo cada vez mais atraídos e fascinados por elas. À medida que a sua consciência se desenvolvia, as flores devem ter sido a primeira coisa sem fins utilitários a ser apreciada pelos seres humanos, isto é, sem estar relacionada com a sua sobrevivência. Tornaram-se fonte de inspiração para inúmeros artistas poetas e místicos. Jesus diz-nos para contemplar as flores e aprender com elas a viver. Diz-se que Buda deu uma vez um sermão em silêncio, durante o qual pegou numa flor e a contemplou. Algum tempo depois, um dos presentes começou a sorrir. Diz-se que foi ele o único a compreender o sermão.

Ver a beleza numa flor conseguia despertar os seres humanos, mesmo que por um breve momento, para a beleza que faz parte integrante da sua essência mais profunda, da sua verdadeira natureza. O primeiro reconhecimento de beleza, foi um dos acontecimentos mais importantes na evolução da consciência humana. Os sentimentos de alegria e amor estão intrinsecamente ligados com esse reconhecimento. Sem estarmos conscientes disso, as flores tornar-se-iam para nós uma expressão corpórea daquilo que é mais elevado, mais sagrado e, em última análise, daquilo que não tem forma dentro de nós próprios. As flores, que são mais efémeras, mais etéreas e mais delicadas do que as plantas de onde emergem, tornar-se-iam uma espécie de mensageiras de uma outra dimensão, uma ponte entre o mundo das formas físicas e o mundo sem forma. Não só tinham um aroma delicado, como também exalavam uma fragrância do reino do espírito. Se empregarmos a palavra “iluminação” num sentido mais abrangente do que o aceite convencionalmente, podemos olhar para as flores como a iluminação das plantas.

É possível qualquer forma de vida, de qualquer reino – mineral, vegetal, animal ou humano -, passar por uma experiência de “iluminação”. Contudo, é um acontecimento muitíssimo raro, pois representa mais do que um progresso evolucionário: também implica uma descontinuidade no seu desenvolvimento, um salto para um nível completamente diferente do Ser e, acima de tudo, um desprendimento da materialidade.

O que pode ser mais impenetrável e pesado do que uma rocha, a mais densa das formas? Não obstante, algumas rochas sofrem uma mudança na sua estrutura molecular, transformando-se em cristais, e por conseguinte, tornam-se transparentes à luz. Alguns carbonos, sob um calor e uma pressão incríveis tornam-se em diamantes, e alguns minerais pesados noutras pedras preciosas.
A alguns repteis, cresceram penas e asas, transformando-se em aves, desafiando a força da gravidade. Não desenvolveram novas formas de rastejar ou andar, transcenderam completamente estes tipos de locomoção.

Desde tempos imemoráveis, as flores, os cristais, as pedras preciosas e os pássaros têm ocupado um lugar especial no espírito humano. Como todas as formas de vida, são evidentemente manifestações temporárias da Vida única essencial, da Consciência única.

O seu significado especial e a razão pela qual os seres humanos sentiram tamanho fascínio e afinidade por elas podem ser atribuídos à sua natureza etérea.
Quando existe um certo nível da Presença, paz e atenção consciente na percepção de um ser humano, este é capaz de sentir a essência divina da vida, a consciência única ou o espírito único que habita dentro de todas as criaturas e formas de vida, reconhecendo-a como una com a sua própria essência, e sendo por isso, capaz de a amar como a si próprio. Contudo até ser atingido este nível de reconhecimento consciente, a maior parte dos seres humanos vê apenas as formas exteriores, sem ter consciência de essência interior, nem da sua própria essência, identificando-se apenas coma sua forma física e psicológica. Porém, no caso das flores, cristais, pedras preciosas ou pássaros, mesmo um ser humano com pouca ou nenhuma Presença, é capaz de sentir ocasionalmente que há mais alguma coisa para além da mera existência física dessa forma, sem saber que este é o motivo pelo qual é atraído por ela e pela qual sente uma afinidade."
In (Um Novo Mundo)

domingo, janeiro 07, 2007