sexta-feira, abril 27, 2007

REFLEXÃO


"...Um vazio por ter perdido todas as expectativas e referentes..." (Mileuristas)


Quanto mais a sociedade se humanisa, mais o sentimento de anonimato se estende; quanto mais há indulgencia e tolerância, mais aumenta a falta de segurança do individuo em relação a si proprio; quanto mais se prolonga o tempo de vida, mais medo temos de envelhecer; quanto menos se trabalha, menos se quer trabalhar; quanto mais os costumes se liberalizam e se democratizam os hábitos e poderes, mais avança a impressão de vazio; quanto mais a comunicação e o diálogo se institucionalizam, mais sós se sentem os individuos e com maiores dificuldades de contacto, senão veja-se: para quê os blogs?? porque nunca te disse eu isto??; quanto mais cresce o bem estar, mais triunfa a depressão.

Qualquer sistema imperfeito, no sentido de não completo, é o seu próprio inimigo...será que assistimos à invisibilidade da dissocialização??? será que assistimos à implosão da democracia??? o que será que lhe falta??? o que falta ao mundo de hoje??? o que nos falta??? Um mundo Novo??? estaremos a atravessar a Era do Vazio??deveremos nós Pensar a Comunicação??e as Religiões?? será que Cristo ressuscitou??

A sensação de vazio pode ser boa...no vazio pode estar o despertar do sonho da forma, do pensamento compulsivo e da alianação da verdadeira essencia humana, aquela que é não social, aquela universal, a divinal...

Significa que podemos agora começar a criar formas sem nos perdermos nelas, bom, se calhar, nós ainda não, mas possivelmente as gerações vindouras, mas para isso é vital o nosso despertar e semear a consciencializção, a verdadeira alegria do Ser, a de estar consciente, só, em harmonia com o proposito interior, sem desconforto face ao vazio.Pode ser aqui afinal o começo, a rutura com o ego e o pensamento, ou melhor, a substituição do combustivel poluente: pensamento condicionado a 98 octegos por um combustivel 100%ecologico, consciencia pura. Não significa ficar sem ego ou pensamento, significa antes, permanecer desperto, em total aceitação da agora desconfortável situação de vazio, e começar a deixar fluir a consciencia através de nós, por esse espaço cheio para o mundo, para as nossas acções, inspirando os pensamentos.Será que acabei de descrever uma visão utópica?? De todo. As visões utópicas têm em comum a projecção mental de um tempo futuro, agora vivemos a experiencia descrita, de certo comum a muitas pessoas, a todas as que vivem condicionadas pela sociedade contemporânea e que se sentem vazias.

A verdade é que o despertar pode ser já. Agora, no único tempo Real. O despertar constitui o reconhecimento da Presença consciente, a alegria do Ser. Por conseguinte, o Novo mundo, o Ceu e a Terra, surgem dentro de nós neste momento, e se não estiverem a surgir realmente neste momento, não passam de um pensamento, pode ser que surjam na pausa entre este pensamento e o próximo. Tentemos completar-nos com humanidade, com consciencia, preenchamos o vazio com cheio.Uma nova especie está a despertar no planeta e nós fazemos parte dela.

Um abraço agora

MILEURISTAS em homenagem a um amigo


Espido Freire (Bilbao, 1974) aborda neste livro a geração – ou, como se tem escrito, esta “nova classe social” – que ronda os 30 anos e cuja característica predominante é o ordenado mensal à volta de 1.000 euros. Trata-se de uma geração com dificuldades para abandonar a casa dos pais. São licenciados, com formação pós-graduada, bons conhecimentos de vários idiomas e informática. Foram levados a pensar que o canudo era a garantia de uma vida desafogada. Mas enganaram-se redondamente, ou foram enganados... Segundo a escritora, têm tudo o que a sociedade exige para triunfar de algum modo, contudo, carecem da estabilidade económica necessária para pensar em constituir família. Uma geração que prolonga a sua condição de eterna adolescente, sem qualquer consciência de grupo, assim obriga a competição, e que desfrutou do ócio, protecção e mimo por parte dos seus progenitores, a geração anterior que lutou contra os regimes ditatoriais. A geração mileurista vive no permanente paradoxo: conformista mas desesperada, educada mas sem expectativas, consumista mas pobre, desenraizada mas com sinais de identidade comuns. Um amplo colectivo de jovens que sobrevive com poucos meios em plena sociedade da opulência. Louis Chauvel, professor de Ciência Política, em entrevista ao jornal francês ‘Nouvel Observateur’ afirma: “Os novos pobres são os jovens.” Segundo Chauvel, os pobres do século XX – operários desqualificados, agricultores, idosos – pertencem a uma sociedade em vias de desaparecimento.


Os mileuristas nasceram já em democracia. É a geração das actividades extra-escolares, os que tiveram oportunidade de ir ao karate, ao inglês e à catequese, mas também à informática. Uma geração que viajou, que fez o inter-rail e que muitas vezes estudou com uma bolsa num país estrangeiro. São consumistas porque lhes ensinaram a ser. Eram filhos de pais jovens entre os anos 60 e 80 que viveram as transições politicas. A geração dos seus pais, proveniente de famílias numerosas, lutou pelos seus direitos, saltando rapidamente para o poder. Constituíram oportunidades e usufruíram de garantias do Estado, dadas em anos de grandes utopias. Foi uma geração que conseguiu comprar uma segunda casa para passar férias e que ambicionou que os seus filhos tivessem ainda uma vida melhor. Para eles ter um filho médico, engenheiro, arquitecto ou economista era uma garantia de sobrevivência. Por isso não lhes pediram outra coisa senão que estudassem e fossem para a universidade. Nós, os mileuristas, herdamos em parte as ânsias desses pais e apenas quisemos estudar para garantir um emprego e uma casa. Conseguimo-lo com esforço e muita ajuda dos papás.
Quando chegamos à universidade rapidamente nos demos conta que éramos já demasiados. Com tantos licenciados não há empregos compatíveis com as nossas aptidões. Em parte, isso explica os contratos precários um pouco por toda a Europa e a sua versão portuguesa dos recibos verdes, que é muito mais vergonhosa e intolerante. Sem emprego, muitos de nós ainda optamos por mais formação, fizemos mestrados e mesmo doutoramentos, alguns através de bolsas pagas pelo Governo e ajudado pela Comunidade Europeia. Contudo, não sabíamos que, dez anos mais tarde continuaríamos sendo bolseiros. Em geral, ninguém podia ter percebido que a sociedade tinha mudado e que tinha deixado para trás toda uma geração sem saber muito bem como nem quando.Não fomos educados a cooperar e sim a competir. Aliás, fomos educados a viver o “momento”. Fomos a primeira geração que viveu a invasão do consumismo norte-americano, a primeira geração que podia passar o seu aniversario com os amigos no McDonalds ou no chinês. Fomos a geração que teve uma semanada ou mesada, inclusivé dobrada quando tínhamos pais divorciados ou separados. Portanto, não tínhamos muito dinheiro, mas tínhamos sempre algum para gastar. Vivemos a chegada da Zara e da Mango, que nos permitiu renovar constantemente o guarda-roupa. Somos portanto uma geração sem trabalho assegurado, em geral pouco remunerado, e sem qualquer capacidade de poupar. Gostamos de sair à noite porque esta é uma das gratificações imediatas a que estamos habituados. Somos uma geração que viu tanta publicidade, tantas versões invertidas e revertidas do mundo, que curiosamente trocamos o branco pelo negro e não estranhamos. Somos, por isso, uma geração cínica. Uma geração de “comboiadas”, que se ri um pouco de tudo, porque vivemos a sensação de que outra coisa não se pode fazer: “tem sido divertido viver assim, porque usufruímos de muito lazer, porque fomos mimados, protegidos e crescemos com televisão e com 1000 comodidades. No entanto, já cansa” - diz a rapariga Carolina Alguacil, inventora do termo”mileuristas”, numa carta aberta, em 2002 ao jornal “El País”. Esta paródia em que a nossa vida se tornou apenas tenta esconder geralmente um vazio interior. Um vazio por ter perdido todas as expectativas e referentes.


(Artur in postas de pescada no luzes amarelas)

DE VOLTA

Olá,
na verdade não tenho tido muita coisa para dizer.
Bom, pelo menos alguma coisa que me pareçe suficientemente importante e digna de ser publicada.
Como esta