sexta-feira, abril 04, 2008

A relação



Qual é a sua relação com os objectos, com as inúmeras coisas que o rodeiam e com as quais lida diariamente? Como a cadeira onde se senta, a caneta, o carro, a chávena? São meras coisas que se usam como um meio para alcançar um fim, ou ocasionalmente, reconhece a existência delas, a entidade que elas são, ainda que o faça por breves instantes, qunado repara nelas e lhes presta atenção?

Se nos prendermos muito aos objectos, se os utlizarmos para nos valorizar aos nossos olhos e aos olhos dos outros, a preocupação com as coisas materiais poderá facilmente tomar conta da nossa vida.
Quando existe uma auto-identificação com os objectos, não os apreciamos por aquilo que eles são, mas procuramo-nos neles.

Mas se se apreciar um objecto pelo que ele é, se se reconhecer a entidade que ele é sem projecções mentais, não poderá deixar de se sentir grato pela sua existência. Chegará também a pressentir que o objecto não é de facto inanimado, apenas aparenta sê-lo. Os cientistas asseguram que, a nivel molecular, os objectos são, de facto, um campo de energia vibrante.

Através da apreciação desinteressada do reino das coisas materiais, o mundo à nossa volta ganhará vida de uma forma que não imaginamos nem poderemos compreender com a mente.

Sempre que nos relacionamos com alguém, ainda que por pouco tempo, prestamos-lhe total atenção, reconhecendo assim o ser que essa pessoa é? Ou reduzimos a pessoa a um meio para atingir um fim, a uma mera função utilitária?

Que qualidade tem o meu relacionamento com o caixa do supermercado, com o guarda do parque de estacionamento, com o canalizador, com o cliente?

Basta um momento de atenção. Enquanto olhamos para eles ou ouvimos o que dizem, existe uma serenidade desperta - durante dois ou tres segundos, ou talvez mais. Isso é suficiente para que disperte alguma coisa de mais real do que os papeis que assumimos habitualmente e com os quais nos identificamos. Todos esses papeis são uma parte da consciencia condicionada que é a mente humana. O que emerge aravés do acto de prestar atenção é o não condicionamento, a nossa verdadeira identidade, que se encontra por trás do nosso nome ou do nosso corpo. Quando isto acontece, já não estamos a representar um papel de um guião, tornamo-nos reais. Quando a verdadeira identidade emerge de dentro de nós, o mesmo acontece com a da outra pessoa.

Em última análise, claro, o outro não existe e, na verdade, estamos sempre a encontrar-nos connosco próprios.

(Eckhart Tolle)

1 comentário:

pasta38 disse...

estou aqui: "estamos sempre a encontrar-nos connosco próprios", não, antes aqui: "estamos sempre a encontrar-nos connosco próprios"
abç